quinta-feira, 31 de maio de 2012

Projeto Viva Mais - Dia Mundial sem Tabaco - 31 de Maio


10 Coisas que Você Precisa Saber Sobre o Fumo

  
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo. Dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) mostram que 10% dos fumantes chegam a reduzir sua expectativa de vida em 20 anos.

A OMS estima que um terço da população mundial adulta seja fumante, ou seja, 1,2 bilhão de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres).



Confira aqui as dicas para se livrar deste vício e levar uma vida muito mais saudável!
Parada Imediata
Você marca uma data e nesse dia não fumará mais nenhum cigarro. Esta deve ser sempre sua primeira opção.
Parada Gradual
Você pode utilizar este método de duas formas:
Reduzindo o número de cigarros
Por exemplo: Um fumante de 30 cigarros por dia, no primeiro dia fuma os 30 cigarros usuais.
no segundo - 25
no terceiro - 20
no quarto - 15
no quinto - 10
no sexto - 5
O sétimo dia seria a data para deixar de fumar e o primeiro dia sem cigarros.
Retardando a hora do primeiro cigarro
Por exemplo:
no primeiro dia você começa a fumar às 9 horas
no segundo às 11 horas
no terceiro às 13 horas
no quarto às 15 horas
no quinto às 17 horas
no sexto às 19 horas
no sétimo dia seria a data para deixar de fumar e o primeiro dia sem cigarro
A estratégia gradual não deve gastar mais de duas semanas para ser colocada em prática, pois pode se tornar uma forma de adiar, e não de parar de fumar. O mais importante é marcar uma data-alvo para que seja seu primeiro dia de ex-fumante.
Lembre-se também que fumar cigarros de baixos teores não é uma boa alternativa.
Todos os tipos de derivados do tabaco (cigarros, charutos, cachimbos, cigarros de Bali, etc) fazem mal à saúde.
Caso não consiga parar de fumar sozinho, procure orientação médica. Cuidado com os métodos milagrosos para deixar de fumar.


  
Veja agora a lista de 10 coisas que você precisa saber sobre o fumo.
1.    O consumo de derivados do tabaco causa cerca de 50 tipos de doença, principalmente ascardiovasculares (infarto, angina), o câncer e as doenças respiratórias obstrutivas crônicas (enfisema e bronquite). Estas doenças são as principais causas de óbitos por doença no Brasil, sendo que o câncer de pulmão é a primeira causa de morte por câncer.
2.    O tabagismo causa impotência sexual no homem e, no caso das mulheres, complicações na gravidez. Além disso, ele provoca aneurismas arteriais; úlcera do aparelho digestivo; infecções respiratórias; osteoporose; trombose vascular; problemas respiratórios e redução do desempenho desportivo.
3.    O hábito de fumar enfraquece o cabelo e faz secar a pele, reduz o paladar e o olfato. Além doenvelhecimento precoce da pele, devido à falta de oxigenação, o tabaco também inibe a produção de colágeno e elastina, que impedem a flacidez. É comum nas mulheres que fumam surgirem precocemente imensas rugas em volta dos lábios.
4.    Os malefícios do fumo são maiores nas mulheres devido às peculiaridades próprias do sexo, como a gestação e o uso da pílula anticoncepcional. A mulher fumante tem um risco maior de infertilidade, câncer de colo de útero, menopausa precoce (em média 2 anos antes) e dismenorréia (sangramento irregular).
5.    Quando o fumante dá uma tragada, a nicotina é absorvida pelos pulmões, chegando ao cérebro geralmente em 9 segundos. O fumo causa no Sistema Nervoso Central, num primeiro momento, a elevação leve no humor e diminuição do apetite. O que parece ser prazeroso no começo, causa dependência e vício.
6.    O tabaco é prejudicial também para quem se encontra junto do fumante. Além do desconforto, o fumo causa doenças imediatas ou a longo prazo. O risco de doença cardíaca aumenta em 25% num adulto exposto ao fumo passivo.
7.    O tabagismo passivo é a 3ª maior causa de morte evitável no mundo, subsequente ao tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool. Fumantes passivos também sofrem os efeitos imediatos como, irritação nos olhos, manifestações nasais, tosse, cefaléia, aumento de problemas alérgicos, principalmente das vias respiratórias e aumento dos problemas cardíacos, principalmente elevação da pressão arterial e angina (dor no peito). Outros efeitos a médio e longo prazo são a redução da capacidade funcional respiratória (o quanto o pulmão é capaz de exercer a sua função), aumento do risco de ter aterosclerose e aumento do número de infecções respiratórias em crianças.
8.    A convivência com um fumante aumenta o risco de doenças cardíacas coronarianas em 25% a 30%. O tabagismo diminui o colesterol bom, mesmo nas pessoas jovens. Existem cada vez mais indícios de relação entre o tabagismo passivo e o derrame cerebral. Mesmo exposições pequenas podem ter consequências sobre a coagulação do sangue, favorecendo a ocorrência de trombose. As pessoas com doenças cardíacas podem sofrer arritmias, diante da exposição à fumaça do cigarro. O risco de infarto do miocárdio também aumenta.
9.    O tabagismo passivo é especialmente perigoso na gravidez, podendo prejudicar o crescimento do feto e aumentar o risco de complicações durante a gravidez e o parto, tais como a morte fetal, o parto prematuro e o baixo peso ao nascer. Os recém-nascidos e as crianças pequenas também são muito prejudicados. As crianças expostas à fumaça do cigarro têm maior risco de morte súbita, bronquite, pneumonia, asma, exacerbações da asma e infecções de ouvido.
10. Ao parar de fumar, o risco de doenças diminui gradativamente e o organismo do ex-fumante se restabelece. Após 20 minutos do último cigarro, a pressão sanguínea diminui, as batidas cardíacas voltam ao normal e a pulsação cai. Após 8 horas sem cigarro, o nível de oxigênio no sangue pode chegar aos níveis de uma pessoa não-fumante. Após 24 horas, os pulmões já conseguem eliminar o muco e os resíduos da fumaça. Dois dias depois, é possível sentir melhor o cheiro e o gosto das coisas. O corpo já não possui nicotina e a transpiração deixa de cheirar a tabaco. Após duas semanas, melhora a circulação, tosse, congestão nasal, fadiga e falta de ar. Após um ano, o risco de doença cardíaca cai pela metade. Após 5 anos, o risco de ter câncer de pulmão também reduz 50%. Após 15 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao de uma pessoa que nunca fumou.


Fontes: Help: Por uma vida sem tabaco; INCA; Vigitel 2008; Material Educativo da Unicamp.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Projeto Viva Mais - Hérnia de Disco



Hérnia de disco

Fiquei sabendo que existem vários tipos de hérnia, como a hérnia de hiato, a hérnia inguinal, etc. Por hora vamos apresentar a hérnia de disco. Achei no site:http://www.vertebral.com.br/patologias/patologias.asp um monte de informações sobre o assunto, confiram.



NESTE TÓPICO VOCÊ VERÁ:

Hérnia de Disco
Doença Degenerativa do Disco
Espondilolistese
Estenose do Canal Lombar
Síndrome Facetária
Estenose do Canal Cervical
Hérnia de Disco Cervical
Escoliose
Osteoporose
Fibromialgia


HÉRNIA DE DISCO
Herniação quer dizer uma anormalidade do disco intervertebral que ocorre quando a porção interna do mesmo (Núcleo Pulposo) solta-se e sai através da sua porção externa (Ânulo Fibroso). Esta ruptura do ânulo fibroso pode causar dor nas costas no local da herniação. Caso esta protusão do disco comprima a raiz do nervo, a dor pode ser sentida na região do corpo suprida por aquele nervo. Entre cada vértebra da coluna existe um par de nervos espinhais, os quais são ramos da medula espinhal e inervam uma área específica do corpo. Cada parte do corpo que é capaz de sentir frio ou calor, dor ou tato, refere essas informações ao cérebro através de um desses nervos espinhais. Então, a pressão sobre um determinado nervo espinhal, causado por uma hérnia de disco, causará dor na parte do corpo que é suprida por aquele nervo.
São quatro graus específicos da herniação do disco: - Herniação do núcleo; - Protusão discal; - Extrusão discal; - Seqüestro discal.
A maioria dos casos de hérnia de disco ocorre em pessoas entre os 30 e 50 anos de vida, quando o núcleo ainda tem uma característica gelatinosa. As hérnias de disco são mais comuns na porção inferior da coluna lombar – L4L5 e L5S1, embora possam acometer qualquer outro segmento da coluna.

HÉRNIA DE DISCO

Sintomas:
Usualmente a dor experimentada pelo paciente é uma pontada, cortante. Em alguns casos existe uma história de dor lombar prévia, agora descendo desde as costas até a perna afetada. Esta dor é tipicamente descrita como profunda e em pontada, e piora ao colocar o membro atingido para baixo.
Diagnóstico:
Um paciente com hérnia de disco irá normalmente apresentar uma limitação da inclinação anterior da coluna, e poderá necessitar inclinar o corpo para um dos lados ao tentar inclinar-se adiante. Podem andar com um tipo de marcha antálgica (contra a dor), tirando um pouco a carga sobre o membro doloroso. O teste de Lasègue (levantar o membro totalmente esticado) é positivo, indicando tensão na raiz nervosa.

TESTE LASÈGUE



A evidência mais indicativa da compressão da raiz nervosa por uma hérnia de disco é encontrada durante o exame neurológico realizado pelo seu médico: podem ocorrer perdas significativas da força e da sensibilidade de áreas específicas do corpo. Não existem testes laboratoriais que possam detectar uma hérnia de disco. Uma eletroneuromiografia (ENMG) pode determinar qual nervo estaria funcionando inadequadamente durante um pinçamento. A Ressonância Magnética (RNM) é o exame de escolha para o diagnóstico de hérnia de disco, embora uma Tomografia Computadorizada possa ser útil.


Tratamento:

O tratamento na grande maioria dos pacientes com hérnia de disco normalmente não inclui cirurgia. Oitenta e cinco por cento dos pacientes irão melhorar com o tratamento conservador, mesmo em longos períodos de segmento. O primeiro elemento para o controle da dor é restringir a atividade física. A posição assentada costuma ser pior tolerada pelo paciente, porque é a posição de maior pressão sobre a coluna lombar e a raiz envolvida. O uso correto de medicamentos é uma importante parte do tratamento. Estes incluem os antiinflamatórios e analgésicos. Infiltrações dirigidas ao nervo doente podem ser de grande valor. O tratamento cirúrgico é reservado para os pacientes nos quais as opções de tratamento conservador não surtiram efeito por pelo menos 6 semanas, ou se algum déficit neurológico progressivo existir, ou se ainda o quadro for de extrema dor, ou, por fim, se o paciente perder o controle urinário e intestinal asssociado a alguns outros sintomas específicos (Síndrome da Cauda Eqüina). A cirurgia clássica é a Microdiscectomia, podendo a mesma ser aberta ou endoscópica (minimamente invasiva). Algumas técnicas percutâneas (Nucleoplastia, Discectomia percutânea, etc), podem ser empregadas em casos muito selecionados de hérnias de disco, não sendo úteis na maioria dos casos. (vide tratamento cirúrgico).

DOENÇA DEGENERATIVA DO DISCO

A Doença Degenerativa do Disco (DDD) ocorre em várias pessoas como um processo natural de envelhecimento. É frequentemente referida como artrite ou artrose na coluna. Embora muito freqüente na maioria das vezes a DDD não causa sintomas ou dor. Os sintomas são usualmente de uma dor profunda na parte inferior das costas (lombar), podendo ser irradiada para as nádegas e parte proximal das coxas. A dor é pior com a atividade ou ao permanecer longos períodos de pé ou sentado. A dor pela manhã ao acordar é referida como rigidez ou endurecimento da coluna. As causas são usualmente devido às alterações normais dos discos intervertebrais (amortecedores entre as vértebras), que ocorrem com todas as pessoas com o envelhecimento. Pode ocasionalmente ser causada por trauma ou carregamento repetido de peso. Tabagismo, obesidade e fatores genéticos também podem acelerar a degeneração discal.

A DDD causa alguma crise de dor na maioria das pessoas em alguma fase de suas vidas. Os sintomas frequentemente se resolvem espontaneamente. Ocasionalmente o uso de medicamentos e outras formas de tratamento conservador (fisioterapia) podem ser necessários. A cirurgia é reservada a um pequeno número de casos em que as pessoas não melhoram após um longo período de tratamento conservador e têm a sua qualidade de vida muito deteriorada.


ESPONDILOLISTESE
A espondilolistese é definida como o escorregamento de um corpo vertebral sobre o outro. Esta deformidade vertebral ocorre desde em crianças e adolescentes até em indivíduos adultos.Em casos extremos a deformidade pode ser visível. Normalmente os sintomas são de dor lombar leve a moderada. Caso o escorregamento comprima uma raiz nervosa, a dor poderá ser sentida na perna (dor ciática).A causa mais comum ocorre em adultos acima dos 45 anos devido a alterações de artrose em pequenas articulações da coluna chamadas facetas articulares. Em adolescentes pode ser o resultado de uma lesão no istmo da vértebra, um tipo de “fratura” por estresse, freqüentemente associada a trauma em hiperextensão (ex: ginástica olímpica).

ESTENOSE DO CANAL LOMBAR

A estenose lombar é o estreitamento do canal dentro da coluna por onde passam os nervos que irão para as pernas, causada por alterações de desgaste que fazem com que ocorram uma hipertrofia (crescimento) das estruturas ósseas e ligamentares. Não causam sintomas durante o repouso ou quando sentado. Com o caminhar é sentida uma sensação de peso nas costas e nas pernas, muitas vezes impedindo a pessoa de continuar caminhando.
As alterações degenerativas na coluna lombar (“bicos de papagaio”, protusões discais e cistos, diminuem o espaço disponível para os nervos. Os nervos tem o seu suprimento sanguíneo diminuído, o que leva aos sintomas nas pernas.

SÍNDROME FACETÁRIA
Esta é uma causa comum de dor na coluna. As facetas articulares são as articulações entre as vértebras da coluna. Elas são como qualquer outra articulação do corpo, como, por exemplo, o joelho ou o ombro, e são capazes permitir os movimentos de dobrar e torcer realizados pela coluna. As facetas articulares podem inflamar-se secundariamente à artrite ou a qualquer lesão, causando dor e rigidez. Quando na coluna cervical típicamente causam dor nesta região, bem como dores de cabeça e dificuldade para realizar a rotação da cabeça.
A dor lombar frequentemente é causada pela syndrome facetária. A dor sentida nas costas pode também ser sentida nas nádegas e nas coxas, mas usualmente não vão abaixo dos joelhos. A inflamação das facetas lombares pode causar rigidez e dificuldade para permanecer de pé ereto e levantar-se de uma cadeira.
Uma prova diagnóstica após a avaliação médica é a infiltração de anestésicos e antiinflamatórios nas facetas acometidas. O alívio da dor costuma ser dramático e imediato após este procedimento.
Para casos crônicos de Síndrome Facetária uma alternativa é um procedimento chamado de Rizotomia por Radiofreqüência. Existem nervos somente sensitivos que carreiam os impulosos dolorosos até o cérebro. Esses impulsos são bloqueados através da radiofreqüência. O alívio da dor usualmente dura de 6 meses a 2 anos.

Estenose de Canal Cervical

A dor no pescoço é usualmente descrita como rigidez ou endurecimento. Em casos mais graves pode se desenvolver dor e fraqueza nos braços e perda da habilidade das mãos, como para abotoar uma camisa. As pessoas normalmente sentem dormência e sensação de peso nos braços e nas mãos.
A causa mais freqüente são alterações artríticas da coluna cervical. Esporões ósseos empurram a medula e os nervos. Ocasionalmente uma volumosa hérnia de disco pode comprimir a medula.


HÉRNIA DE DISCO CERVICAL
As hérnias de disco cervicais são bem menos comuns que as lombares pelos seguintes motivos: menos material discal nos discos cervicais e, menores forças sobre a coluna cervical.
Quando ocorrem podem comprimir os nervos que inervam os braços, causando uma cervicobraquialgia. Frequentemente alguns esporões ósseos estão associados à hérnia de disco, e ocorre então a formação de um complexo chamado “disco-osteofitário” que leva à radiculopatia (dor no braço). Em alguns casos uma grande hérnia central pode comprimir a medula, levando a um quadro mais grave chamado de mileopatia.
O tratamento conservador tem resultado satisfatório em mais de 85% dos casos de radiculopatia cervical. Este inclui o uso de medicamentos antiinflamatórios, repouso, bloqueios nervosos e fisioterapia no momento adequado. O tratamento cirúrgico é reservado para os casos resistentes ao tratamento conservador e naqueles casos de mielopatia.

ESCOLIOSE

Escoliose não é uma doença, e sim, um termo descritivo. Todas as colunas têm curvas. Alguma curvatura no pescoço, tronco superior, tronco inferior é completamente normal. Os humanos necessitam destas curvaturas para ajudar a manutenção do corpo ereto com o balanço próprio e alinhamento sobre os quadris. Contudo, existem algumas curvaturas laterais na coluna que não são normais, as quais denominamos escoliose.

A escoliose afeta aproximadamente 2% das mulheres e 0,5% dos homens na população geral. Existem várias causas de escoliose, incluindo as deformidades congênitas, condições genéticas, problemas ditos neuromusculares e de discrepância de membros. Contudo, a maioria dos casos de escoliose (acima de 85%) são idiopáticas, ou seja, não tem uma causa aparentemente definida e acometem pessoas completamente normais.

A escoliose idiopática é dividida em 4 categorias baseadas na idade do paciente ao diagnóstico: (1) infantil: crianças até os 3 anos de idade; (2) juvenil: 3-9 anos; adolescente: 10 aos 18 anos e; (4) adulto: acima dos 18 anos de idade. A maior parte (80%) acomete adolescentes no início da puberdade.

Pessoas com história familiar de escoliose estão em risco maior de desenvolver escoliose. A detecção precoce é essencial.

Sintomas:

Existem vários sinais de alerta diferentes para determinar se uma pessoa tem ou não escoliose. Caso você note um ou mais desses sinais, uma consulta médica deve ser agendada.

· Ombros em alturas diferentes – uma “pá das costas” (escápula) está mais proeminente que a outra.
· A cabeça não está centrada sobre a pelve
· Aparência de um quadril proeminente
· Caixas torácicas em diferentes alturas
· Quadris desnivelados
· Alterações de pele sobre a coluna ( tofos pilosos, alterações de cor e textura da pele)
Um exame inicial é chamado teste de Adams, e pode ser realizado pelo Pediatra ou mesmo pelo professor de educação física. Para este teste, a criança é solicitada a inclinar-se cerca de 90 graus adiante. O examinador pode então facilmente observar qualquer angulação ou assimetria do tronco, bem como qualquer curvatura espinhal.

Uma vez suspeitado, o paciente deverá ser submetido a uma avaliação radiográfica para a confirmação diagnóstica. A curva é então mensurada pelo método de Cobb, e relatada em termos de graus. Genericamente falando, as curvas são consideradas significativas quando maiores que 25 ou 30 graus. Curvas acima dos 45 ou 50 graus são consideradas graves e frequentemente necessitam de tratamento agressivo.


Opções de Tratamento:

A partir do momento em que é determinado que um paciente tem escoliose, existem algumas coisas que devem ser levadas em consideração ao se discutir as opções de tratamento:

· Maturidade esquelética: o paciente ainda está em crescimento?
· Graus e extensão da curvatura: quão grave é a curva e como ela afeta a vida do paciente?
· Localização da curva: segundo a Sociedade de Pesquisa em Escoliose (SRS – Scoliosis Research Society), as curvas torácicas tem uma chance de progressão superior ás curvas lombares e toracolombares
· Potencial de crescimento da curva: pacientes que tem grandes curvas antes do estirão de crescimento da adolescência são mais propensos á progressão da mesma.

Após esta complexa avaliação das variáveis envolvidas, as opções de tratamento serão discutidas. Existem 3 opções de tratamento: Observação, uso de colete ortopédico ou cirurgia.

A observação é apropriada para as curvaturas pequenas, aquelas com pouco risco de progressão e aquelas em que a história natural é favorável pelo final do crescimento do esqueleto. Essas decisões são baseadas na história natural esperada para determinada curva. Por exemplo, se a sua criança tiver o diagnóstico de uma escoliose entre os 25 e 35 graus após a parada do crescimento ósseo (garotos acima dos 17 anos e moças após os 15), então uma observação apenas será apropriada. Estatisticamente essas curvas oferecem um baixo risco de progressão e muito provavelmente não trarão problemas na vida adulta. Exames radiográficos anuais no princípio, e a cada 5 anos na idade adulta mostrarão o caráter não progressivo da deformidade.

Os coletes ortopédicos são usados para prevenir o crescimento das deformidades vertebrais em crianças com curvas entre os 25 e 35 graus. Se a criança já possui uma curva desta magnitude e ainda apresenta um potencial de crescimento remanescente substancial, então o colete é uma opção viável. É importante notar,contudo, que o colete tem como objetivo prevenir o avanço da deformidade, e não ser utilizado para corrigir uma curva existente ou fazê-la simplesmente desaparecer. Existem diferentes tipos de colete. O colete de Milwaukee é o mais comum por ser usado no tratamento das curvas torácicas. Outro colete inclui o TLSO ( abaixo dos braços), que serve para o tratamento de curvas lombares e taracolombares. Os coletes para fazerem efeito devem ser utilizados o maior tempo possível e durante o período determinado pelo médico. Os estudos demonstram que os coletes devidamente indicados conseguem prevenir a evolução das curvas em 80 % dos casos. Embora algumas semanas de adaptação sejam normalmente necessárias, vários estudos demonstram que as crianças podem ter uma vida normal com o colete. Podem participar de atividades atléticas e de se relacionar normalmente.


COLETE DE MILWAUKEE
Tratamento cirúrgico:

Cirurgia é uma opção utilizada para os casos de curvas importantes ( acima dos 40 graus na criança em crescimento e acima dos 50 naqueles que já finalizaram o crescimento). Os objetivos da cirurgia são para a progressão da curva e diminuir a deformidade vertebral.
Até há poucas décadas atrás os pacientes submetidos à cirurgia para escoliose eram submetidos a procedimentos muito extensos, tratados com gessos no pós-operatório por vários meses e com uma recuperação muito lenta. Desde aquela época, alguns pioneiros da cirurgia da coluna como Paul Harrington, Yves Paul Cotrel e Jean Dubousset, fizeram várias inovações que melhoraram a técnica utilizada bem como os instrumentos utilizados, para uma melhoria significativa nessas cirurgias de escoliose.
São várias as técnicas possíveis para o tratamento da escoliose, mas a mais comumente utilizada é a instrumentação com artrodese posteriores. Esta cirurgia é realizada com o paciente de bruços e os instrumentos chamados de Cotrel/Dubousset são utilizados (parafusos ou ganchos e hastes). É necessária a colocação de uma generosa quantidade de enxerto ósseo junto à artrodese (decorticação das articulações necessária para a fusão óssea). A correção é realizada através de manobras realizadas nesses intrumentais sobre a coluna deformada. A cirurgia usualmente demora algumas horas e o paciente permanece internado em média por 4 dias. Não há necessidade do uso de colete ou gesso no pós-operatório. A maioria dos pacientes está apto a retornar à escola em 2 a 4 semanas de pós-operatório, e às atividades esportivas em 6 meses.

Em deformidades muito graves ou em crianças muito novas pode ser necessária uma cirurgia por via anterior (pela parte da frente do tórax), antes da cirurgia posterior. Essas crianças devem ficar uma semana internadas entre uma cirurgia e a outra, por via posterior.

Os potenciais riscos e expectativas de cada caso específico devem ser discutidas com o seu médico antes do procedimento.

OSTEOPOROSE:
A Osteoporose é uma doença na qual os ossos deterioram-se e tornam-se fracos, frágeis e facilmente quebráveis. A densidade mineral óssea (BMD) está reduzida, ocorrendo uma redução na concentração de cálcio. A Osteoporose é frequentemente indolor até que um osso se quebre. De fato, uma fratura pode ser o primeiro sintoma da osteoporose. Esta condição é mais frequentemente vista na população idosa, mas pode ocorrer em indivíduos mais jovens também.
Qualquer osso pode ser acometido pela osteoporose, mas as fraturas na coluna são as mais freqüentes e podem ser um sério problema. Essas fraturas vertebrais podem causar dor nas costas, perda de altura e deformidade espinhal. Outras fraturas sérias causadas pela osteroporose são as de quadril, com sério risco de incapacidade.
Uma perda mineral óssea mais branda é chamada de osteopenia. A Osteopenia é usualmente a precursora da osteoporose.
As vértebras são formadas principalmente por osso do tipo trabecular, mais propenso à osteoporose. A medida que várias vértebras se acunham por fraturas osteoporóticas , a parte superior da coluna se torna mais curva (hipercifose), causando perda de altura e uma “corcunda”. Tudo isso resulta em dificuldade para andar e manter o equilíbrio, o que pode representar um aumento no risco de quedas e de outras fraturas como as de quadril.

O que causa a osteoporose?
O osso não é um tecido morto. O osso está vivo e em constante de reabsorção e deposição de osso novo, mesmo na vida adulta. Na osteoporose, este balanço de deposição e reabsorção ósseas é negativo.
Várias são causas de osteoporose, sendo algumas hereditárias. Pessoas muito pequenas e consequentemente com ossos mais finos estão em risco especial. Pessoas que têm uma dieta pobre em cálcio e outros minerais também. Os exercícios são importantes para a manutenção da massa óssea, e os sedentários tendem a ter mais osteoporose. Tabagismo, consumo excessivo de álcool e dietas para emagrecimento crônicas também colocam as pessoas em risco especial para a perda mineral óssea.
Mulheres brancas e asiáticas têm uma maior chance de serem acometidas pela osteoporose que mulheres negras e hispânicas. Embora mais comum em mulheres, a osteoporose também pode acometer os homens.
Algumas condições médicas podem causar osteoporose:
· Problemas intestinais que interferem com a absorção do cálcio e da vitamina D, problemas renais que causam uma perda do cálcio
· Problemas endócrinos como na tireóide e na doença de Cushing
· Alcoolismo
· Alguns medicamentos notadamente aqueles de longo tempo de uso como os corticosteróides
Nas mulheres, a perda mineral óssea é acelerada durante a menopausa. As mulheres podem perder massa óssea a um ritmo de 4 a 8 % ao ano após a parada da produção de estrogênios pelos ovários.

Diagnóstico e Tratamento:

Um diagnóstico de osteoporose é feito através de uma medida da densidade mineral óssea, chamado densitometria óssea (DEXA). Através desta medida tem-se o valor comparado a de um adulto jovem e a de outras pessoas na mesma faixa etária, determinando tratar-se de osteopenia ou osteoporose.
Uma boa dieta e exercícios são os primeiros passos para diminuir a perda da massa óssea. Suplementos de Cálcio, vitamina D e outros minerais também podem ser necessários.

Algumas mulheres que têm indicação dada pelo ginecologista devem considerar o tratamento de reposição hormonal. Infelizmente aquelas que têm um risco aumentado para câncer de mama e doenças cardiovasculares não devem se submeter ao tratamento.
Os bifosfonados são medicamentos indicados para o tratamento da osteoporose, por diminuirem a ação das células que reabsorvem osso (osteoclastos). Exemplos incluem o Alendronato (Fosamax®), risendronato (Actonel®), ibandrnato (Boniva®). Eles podem conter o avanço e até reverter parcialmente a perda óssea. Alguns de seus efeitos indesejáveis incluem a irritação do esôfago e estômago. Você deve tomar estes medicamentos e manter-se de pé após o uso por pelo menos 30 minutos para reduzir a irritação.
Algumas fraturas da coluna causadas por osteoporose podem eventualmente ser tratadas com cirurgia. A vertebroplastia e a cifoplastia são procedimentos minimamente invasivos utilizados no tratamento cirúrgico dessas fraturas. Ambas utilizam cimento ósseo ortopédico para fortalecer o interior da vértebra fraturada, introduzido através de cânulas especiais. Usualmente nem mesmo necessitam de pontos na pele para o procedimento.
O melhor tratamento para a osteoporose é a prevenção. Nunca é cedo para começar! Para uma boa saúde óssea, o Instituto de Medicina recomenda uma ingestão diária de cálcio de:
800 mg/dia para crianças entre 3 e 8 anos
1,300 mg/dia para crianças e adolescents entre 9 e 17 anos
1,000 a 1,500 mg/dia para adultos.
A melhor fonte de cálcio são os alimentos derivados do leite e os vegetais verdes. Alguns derivados do leite também são fortalecidos com vitamina D. Tomar um pouco de sol antes das 10h da manhã e após às 4 h da tarde também ajuda o organismo a sintetizar a vitamina D.
Os exercícios também são importantes na prevenção da osteoporose. Os melhores exercícios para o fortalecimento ósseo são aqueles contra o peso corporal, como as caminhadas, musculação e aeróbica de baixo impacto.
O seu médico é a fonte segura de informação sobre a sua saúde. Converse com ele antes de iniciar uma suplementação dietética ou um programa de exercícios.


Fibromialgia
A fibromialgia é uma condição em que ocorre uma disfunção muscular e de seu envoltório (fáscia), também conhecida como distúrbio miofascial. A patofisiologia da fibromialgia não é ainda claramente entendida. É sabido que se trata de uma desordem crônica, o que quer dizer que não existe uma “cura “ para a fibromialgia. Contudo, o tratamento envolve um esforço combinado para o alívio dos sintomas.
O correto diagnóstico, melhor realizado por um reumatologista; a educação e conhecimento do paciente sobre a sua condição; a melhoria do período de repouso e sono do paciente e o condicionamento aeróbico são as bases do tratamento desta condição.
Além dos itens mencionados acima, o uso de medicamentos pode trazer alívio para os pacientes com fibromialgia. Relaxantes musculares e algumas classes de medicamentos utilizados no tratamento da dor crônica como os antidepressivos, são frequentemente utilizados para o suporte do tratamento.


Projeto Viva Mais - Enxaqueca



O que é enxaqueca?

Os pacientes com enxaqueca receberam de alguém da família os genes da doença. Embora em apenas um tipo mais raro de enxaqueca, a hemiplégica familiar, tenha sido evidenciado o cromossomo 19 como responsável pela transmissão de um parente para outro, aceita-se hoje que os demais tipos, inclusive os mais comuns, como a enxaqueca sem aura, também sejam herdados através de genes.

Como reconhecer a enxaqueca?

As crises de enxaqueca apresentam-se como:
Dor pulsátil ou latejante (podendo ser em pressão ou aperto) nas regiões da fronte e têmpora;
A dor se apresenta mais de um lado da cabeça (em 40% dos pacientes é dos dois lados);
A intensidade é moderada a severa ou severa;
Geralmente incapacita o paciente para as suas atividades normais;
Se inicia leve e progressiva;
Piora com esforços ou atividades físicas;
·         Duram em média de 4 a 72 horas quando não são tratadas ou o são de forma ineficaz, geralmente terminando de forma gradual.
São associadas a pelo menos dois dos sintomas abaixo:
·         Enjôo ou vomitos
·         Intolerância à claridade ou a ruídos (foto e fonofobia)
Após as crises, algumas pessoas sentem-se ótimas, enquanto outras, como se um “trator” tivesse passado por suas cabeças, sentindo, inclusive, dor intensa no couro cabeludo.

Sinais de alerta
Há pessoas que sentem que vão ter uma crise de enxaqueca antes de a dor aparecer, a partir de “avisos” que o organismo pode fornecer. Por vezes, estes avisos se iniciam inespecíficos, um dia ou algumas horas antes, com sensações do tipo:
·         Desconforto na cabeça;
·         Bocejos frequentes;
·         Irritabilidade;
·         Perda da capacidade de concentração ou raciocínio;
·         Diarreia;
·         Desejo exagerado por algum tipo de alimento ou aversão total;
·         Desconforto abdominal;
·         Palidez (muito frequente em crianças);
Esses sinais chamam-se PRÓDROMOS e não estão presentes em todos os sofredores de enxaqueca, ou então, em um mesmo paciente, estão presentes antes de alguns episódios, mas não de todos. Quando os sinais são mais intensos, antecedendo a crise em menos de duas horas e apresentando-se como dormência ou diminuição da força muscular em um lado ou parte do corpo, observação de pontos ou raios luminosos ou brilhantes e perda total ou parcial de uma parte do campo de visão, os chamamos de AURA.
Formas de visualização da aura:

  
Evolução do tratamento da enxaqueca
A enxaqueca acompanha a humanidade em toda a sua história. Relatos e achados arqueológicos de civilizações neolíticas, com data aproximada de 7000 anos a.C., já sugeriam a presença de humanos com intensas crises, interpretadas como a presença de maus espíritos dentro do crânio. O tratamento aplicado naquela época calcava-se na abertura “in vivo”(com a pessoa viva) de orifícios na cabeça para a “saída” dos maus espíritos.
Um documento datado de 1200 a.C., o papiro Ebers, prescrevia tratamentos para dor de cabeça e mencionava a dor com características sugestivas de enxaqueca e neuralgias. Neste papiro, que era baseado em escritos médicos de 1550 a.C, os egípcios confirmavam a sua crença de que os deuses também podiam curar as doenças.
O paciente com crises de dor de cabeça era colocado sentado e um crocodilo de argila com trigo na boca era firmemente amarrado sobre a sua cabeça por meio de uma faixa de linho branca com os nomes de vários deuses. Por incrível que pareça, os relatos sugeriam a melhora destes pacientes, provavelmente devido à compressão das artérias dilatadas do couro cabeludo.
Em 400 a.C., Hippocrates descreveu a visualização de raios luminosos precedendo a dor da enxaqueca. Ele também mencionou a possibilidade de esta dor ter sido iniciada por exercícios e relações sexuais e acreditou que eram decorrentes da ascensão de “vapores” do estômago para a cabeça, uma vez que eram aliviadas por vômitos.
Celsius, que viveu entre 215 e 300 d.C., observou que vinho, frio, calor e exposição ao sol poderiam provocar crises de dor de cabeça com características de enxaqueca, mas foi Aretaeus da Capadócia, no segundo século d.C., quem fez a primeira descrição clássica de enxaqueca.
Durante o século 18 e até bem avançada Idade Moderna, padecentes de epilepsia, enxaqueca ou doenças neurológicas, eram submetidos com frequência a intervenções para a retirada da “pedra da loucura”, conforme podemos ver retratado nas figuras abaixo:

Hyeronimus Bosch -Extracción de la Piedra de la Locura – Museu do Prado









Jan Sanders Hemessen – Extracción de la Piedra de la Locura – Museu do Prado









Honoré Daumier – Duendes martirizam homem com dor de cabeça – 1823 -  obra integrante da série de litografias “Imaginacion” ,  por meio da qual o famoso pintor francês ilustrou a sua versão da dor de cabeça.







Ilustração de Paulo Duarte para concurso realizado em 1995 pela Associação dos Portadores de Dor de Cabeça (ABPDC).








Várias personalidades ilustres da história sofriam de enxaqueca. Júlio César, Thomas Jefferson, Lewis Carrol, Sigmund Freud e Napoleão, entre outros, viveram as suas vidas acompanhados de crises marcantes de enxaqueca. Entre nós, o poeta João Cabral de Mello Neto dedicou até parte de sua obra à dor de cabeça com características sugestivas de enxaqueca.




Tempos modernos
O tratamento da enxaqueca hoje
Desde a trepanação “in vivo” de seres humanos 7000 anos a.C. até as primeiras injeções, em 1883, de extrato de ergot realizadas por Eulenberg (na Alemanha), pouco se aprendeu. Mas, a partir daí, uma grande evolução tem ocorrido:
·         1918 Stoll (Suíça) isolou a substância ergotamina do espigão do centeio.
·         1925, o também suíço Rothlin foi o primeiro a utilizar a ergotamina subcutânea para uma crise de migrânea;
·         1928 foram divulgados, por Tzanck, na França, e pelos americanos John Graham e Harold Wolff, os primeiros estudos científicos demonstrando que a ergotamina promove a contração de vasos sanguíneos dilatados durante a crise de enxaqueca;
·         1943 foi sintetizada a dihidroergotamina, menos tóxica do que a ergotamina e ainda hoje utilizada em muitos países;
·         Nas décadas de 50 e 60, começaram a aparecer os primeiros médicos treinados por Harold Wolff e, principalmente, por John Graham, os quais trilharam as suas vidas pela dedicação à cefaliatria e pela formação altruísta dada a alguns expoentes da medicina, que ainda hoje trabalham pelo alívio destes pacientes. Entre estes, destacam-se o brasileiro Edgard Raffaelli Jr, o norueguês Ottar Sjaastad e alguns outros que marcaram e marcam a vida de nossa geração de médicos;
·         No final da década de 80, a empresa inglesa Glaxo e o pesquisador Peter Humphrey sintetizaram o sumatriptan. Esta foi a primeira droga específica para o tratamento da crise de enxaqueca;
·         Modernamente, esta classe de drogas, chamadas de triptanos, e com novas e mais eficazes substâncias, tem propiciado não apenas a melhora dos pacientes e seu retorno a atividades produtivas mais rapidamente, mas principalmente a melhor compreensão do que realmente ocorre no cérebro de uma pessoa com enxaqueca;
·         Mais recentemente, iniciaram-se pesquisas no Brasil, Estados Unidos e Europa para o uso da Toxina Botulínica Tipo A no tratamento da enxaqueca e da cefaléia tensional. Os trabalhos científicos já publicados no exterior sobre essas novas indicações da Toxina Botulínica são extremamente promissores no que tange à melhora e/ou alívio dos sintomas da enxaqueca, além de mostrarem redução significativa na intensidade e número de episódios mensais. A indicação do uso da Toxina Botulínica Tipo A no tratamento da enxaqueca ainda não está aprovada pelo Ministério da Saúde do Brasil.



Cefaléias Secundárias

Introdução
Felizmente, quase 90 % das dores de cabeça existentes pertencem ao grupo das funcionais e não orgânicas, como, por exemplo a enxaqueca, dor de cabeça do tipo tensional e em salvas. Os demais 10% situam-se entre os inúmeros outros tipos de cefaleia (dor de cabeça), incluindo alguns causados por doenças graves da própria cabeça ou de outras partes do corpo. Não obstante estas dores serem a minoria, todo médico deve primeiro preocupar-se em afastar e excluir essas dores orgânicas, que podem levar à morte se não tiverem as suas causas tratadas a tempo. Nos links acima, é possível obter algumas informações sobre alguns desses tipos de dor de cabeça de origem orgânica.

Anatomia e fisiologia do crânio
Para entendermos o grupo de dores de cabeça secundárias, é preciso ter algumas noções básicas de anatomia e fisiologia do crânio e seus órgãos e estruturas internas.
Cobrindo o crânio está o couro cabeludo, que é repleto de vasos sanguíneos e possui, abaixo de si, entre os ossos do crânio e ele próprio, vários músculos e aponeuroses (membrana de constituição semelhante aos músculos). Tanto a parte mais externa dos ossos do crânio (chamada de periósteo) como estes músculos e aponeuroses que o cobrem, os próprios vasos sanguíneos e o couro cabeludo, podem ser afetados por várias situações que provocarão dor de cabeça. Do crânio para dentro, há o cérebro, as membranas que o cobrem, chamadas de meninges, vasos sangu íneos dentro e em volta (abaixo e acima) do cérebro, sangue e o líquido que envolve todo o cérebro, chamado de líquor ou líquido céfalo-raquidiano. Logo, quaisquer situações que provoquem alterações em alguma destas estruturas podem levar à dor de cabeça.




Aumento da pressão intracraniana
A maior preocupação de quem habitualmente procura um médico por causa da dor de cabeça é a possível existência de um tumor cerebral, em função da grande intensidade e/ou incapacidade que as crises de dor podem provocar.
Porém, as dores de cabeça causadas por tumores cerebrais são relativamente raras, principalmente antes da terceira idade, e constituem um dos vários tipos de dor causada pelo aumento da pressão dentro do crânio. Então, é importante se entender que, por ser um continente fechado, o crânio tem um “conteúdo” que não pode variar em tamanho ou quantidade. Se isso ocorrer, acarretará um aumento de pressão que irá comprimir ou pressionar áreas do próprio cérebro. Essa compressão trará, entre outras manifestações mais graves, dor de cabeça.
Em geral, mas não obrigatoriamente, a dor de cabeça de um tumor cerebral é localizada mais de um lado ou só de um lado, sobre a área do tumor, sendo mais intensa pela manhã, de evolução mais recente, piorando com movimentos da cabeça, e vai progressivamente aumentando em intensidade ao longo do tempo, até tornar-se contínua.
Frequentemente, assim como ocorre com outras doenças que causam dor de cabeça, o diagnóstico não é feito só com base na dor de cabeça. São bastante frequentes outras manifestações, sinais e sintomas neurológicos que fazem o médico suspeitar da causa orgânica e investigá-la mais profundamente, chegando ao diagnóstico correto.
Há casos raros, no entanto, de tumores de crescimento muito lento, como os chamados astrocitomas de grau I, que podem, durante anos, causar apenas uma dor de cabeça de intensidade moderada.
Outras doenças que também elevam a pressão dentro do crânio são os ABSCESSOS CEREBRAIS, causados geralmente após um processo infeccioso do cérebro, os HEMATOMAS CEREBRAIS, que são coleções de sangue, também chamados de coágulos, o ALARGAMENTO DOS VENTRÍCULOS CEREBRAIS, que são as cavidades que existem dentro do cérebro cheias de líquor. Estas cavidades podem se alargar se há uma maior produção de líquor e/ou uma dificuldade à sua circulação ou drenagem por algum obstáculo físico.


Punção lombar
Após a realização de uma punção lombar, que é a retirada de líquor da espinha, geralmente para examiná-lo, pode haver uma dor de cabeça intensa toda vez que o paciente senta-se ou se levanta. Essa dor parece ser relacionada à tração de estruturas da base do cérebro, causada por pressão negativa em função da perda do líquor com a punção, que se manifesta quando se assume a posição sentada ou de pé. Esta dor de cabeça pode ceder com o repouso no leito por horas ou dias, e raramente requer medidas mais radicais, como a introdução de uma “tampa ou rolha” feita pelo próprio sangue do paciente, no local da introdução da agulha de punção.


Irritação das meninges
Doenças que irritam ou afetam as meninges ou membranas que cobrem o cérebro podem provocar intensas dores de cabeça.
Estatisticamente, a maior causa de situação que leva à irritação das meninges, no Brasil, é a meningite. Pode haver infecções causadas por vírus, bactérias e fungos que provocam irritação nas meninges e quadros de intensa dor de cabeça, com vômitos, nuca rígida e sinais gerais significativos de infecção grave, principalmente nas meningites por bactérias.
Lamentavelmente, apesar da facilidade de erradicação por intermédio de vacinas, ainda temos, anualmente, no Brasil, casos de crianças e adultos com meningite por meningococos e outras bactérias, geralmente responsáveis por infecções em vias aéreas, que se espalham pelo organismo e vão pelo cérebro.
As meningites bacterianas têm um quadro muito mais dramático, que deve sempre ser suspeitado por parte do médico e que pode matar em menos de 48 horas se os antibióticos apropriados não forem iniciados.
Já nos casos de meningites virais, o diagnóstico pode ser mais difícil, já que a rigidez de nuca nem sempre é clara e os sinais sistêmicos de infecção nem sempre estão presentes.
Em nossos dias, as meningites causadas por fungos geralmente só acontecem em pessoas com depressão ou mau funcionamento do sistema de defesa (imunológico), o que tem sido cada vez mais comum em vítimas de AIDS.
Sempre que há suspeita diagnóstica de meningite, deve ser realizada uma punção lombar, com retirada do líquido céfalo-raquidiano ou líquor para a execução de exames de laboratório, onde serão observados os sinais diretos e indiretos da presença dos microorganismos causadores da meningite. A dor de cabeça das meningites vai melhorando à medida que a infecção vai sendo debelada, e pode-se usar analgésicos, eventualmente, para aliviar um pouco o sofrimento dos pacientes.
O sangue também pode levar a graves irritações das meninges e provocar intensas dores de cabeça. Rupturas de aneurismas no cérebro podem levar a um sangramento tanto para dentro do cérebro como para dentro do espaço onde circula o líquor, chamado de espaço subaracnóideo. A presença de sangue neste espaço não só provoca a elevação da pressão, como também irrita diretamente as meninges, levando em geral a crises de dor de cabeça consideradas pelos pacientes como as piores de suas vidas.
Esta situação, denominada hemorragia subaracnóidea, é a maior causa de dores de cabeça intensas de evolução súbita em quem não tinha dor de cabeça. Geralmente ocorre em momentos de estresse ou de atividade física intensa, sendo com freqüência seguida por sinais neurológicos que precisam sempre ser pesquisados.
Investigar a rigidez de nuca durante o exame inicial é fundamental para se aventar o diagnóstico. A tomografia computadorizada e a punção lombar, com a pesquisa de sangue no espaço subaracnóideo, fornecem a certeza da presença do sangue.

Pancadas na cabeça
Pancadas na cabeça podem obviamente provocar dor, mas não apenas enquanto a lesão do couro cabeludo ou o “galo” se recupera, e nem sempre na área da pancada.
Por mecanismos e razões desconhecidas, pode haver a chamada dor de cabeça pós-traumática, que permanece provocando desconforto por seis meses a dois anos após o traumatismo.
Lesões conhecidas como “em chicote”, podem levar a luxações (perda da superfície de articulação) ou até fraturas de vértebras do pescoço, com lesões associadas de ligamentos e músculos que podem levar a uma dor de cabeça com duração de muitos meses. Estas lesões ocorrem tipicamente quando se leva uma batida de carro por trás e a cabeça e pescoço projetam-se para trás e depois para frente.

Doenças do corpo em geral
Doenças que provocam aumento da quantidade de gás carbônico no sangue, como as doenças dos pulmões e coração, ou diminuição do oxigênio no sangue, como as grandes altitudes, podem causar dor de cabeça enquanto persistirem.
A exposição demasiada ao monóxido de carbono proveniente de automóveis, por exemplo, também é uma das causas de dor de cabeça naqueles que trabalham nestes ambientes.
Elevações súbitas e intensas da pressão arterial, como em agravamentos súbitos de uma hipertensão benigna, tumores de glândulas supra-renais (tais como os feocromocitomas) e estados tóxicos da gravidez, conhecidos como eclâmpsia, levam frequentemente a episódios de dor de cabeça intensos e perigosos, em função da possibilidade de hemorragias cerebrais. Aqui, mais uma vez enfatizamos que hipertensões arteriais comuns e oscilando dentro de uma faixa considerada benigna não causam dor de cabeça.
Pedaços de tumores de outras partes do corpo, chamados de metástases, toxinas produzidas em estados de infecção generalizada, denominada septicemia, importantes quedas da glicose no sangue como as de um diabético que usa muita insulina e toxinas e substâncias relacionadas ao processo de hemodiálise também podem causar dor de cabeça intensa.
Lembramos ainda que as DOENÇAS DOS NERVOS propriamente ditos e, principalmente, daqueles que se situam na cabeça, causam dores muitas vezes de grande intensidade. Há dores das neurites que podem comprometer a cabeça e face e por vezes de difícil tratamento, já que não respondem à medicação ou o fazem apenas a medicamentos extremamente fortes e cheios de efeitos colaterais.
Destacamos, aqui, a neurite óptica ou retrobulbar, frequente na esclerose múltipla e causando também cegueira em um só olho. A neurite diabética e a neurite pós-infecção por herpes zoster, que muitas vezes torna-se contínua e absolutamente não responsiva a nenhuma forma de tratamento, obrigando o médico a “testar” várias associações de drogas bastante agressivas ao organismo.
Recentemente, introduziu-se para esta dor o uso da capsaicina, substância derivada da pimenta vermelha, que, aplicada topicamente, leva a dessensibilização de fibras nervosas e melhora da dor.
As neuralgias, quando afetam os nervos da cabeça e face, provocam dores extremamente intensas, chamadas de excruciantes e descritas como uma “faca afiada penetrando”. Mesmo sabendo que elas são muito mais comuns a partir da vida adulta e até na terceira idade, o tipo mais frequentemente encontrado de neuralgia, chamada de neuralgia do trigêmeo, pode ocorrer na juventude, principalmente como manifestação associada de uma doença chamada esclerose múltipla.
A neuralgia do nervo trigêmeo, embora não tão frequente quanto vários outros tipos de dor de cabeça crônica, tem sido erroneamente diagnosticada em inúmeros casos como dor de cabeça em salvas.
Geralmente, as neuralgias apresentam-se com vários episódios de dor com duração fugaz, de poucos segundos a até um minuto inteiro, várias vezes por dia. No caso específico da neuralgia do trigêmeo, a localização da dor é mais na face, na área das mandíbulas superiores (malares) ou inferiores, podendo também se manifestar na fronte e/ou em volta do olho.
O tratamento da neuralgia do trigêmeo pode ser feito com o uso de medicamentos anticonvulsivantes ou antiepilépticos, que, quando não funcionam, levam o paciente a condutas desesperadas.
No entanto, a denaturação do nervo trigêmeo por radiofrequência tem sido bastante satisfatória e a mobilização cirúrgica do nervo, afastando-o de vasos sanguíneos que podem estar comprimindo-o, também tem sido utilizada com sucesso.
Há outros tipos de neuralgias da face e da cabeça, como a raríssima neuralgia de glossofaríngeo, mais localizada na garganta ou faringe, que pode aparecer durante a mastigação ou no momento de engolir.
As neuralgias geniculata, no ouvido, e laringeal, na laringe (parte da garganta) são também raras e podem levar a muito sofrimento, principalmente em função da dificuldade da realização do diagnóstico correto pela maior parte dos médicos.
Por último, temos a neuralgia occipital, que ocorre na parte posterior ou traseira da cabeça, sendo geralmente menos intensa, porém mais duradoura. Este tipo de neuralgia pode ocorrer por compressão muscular de ramos ou do próprio nervo occipital maior (o nervo occipital menor também pode ser comprometido) de um lado da cabeça. Essa dor, quando se manifesta de forma mais típica, e aparece também na frente, associada à diminuição da capacidade de movimentar a cabeça, recebe a denominação de cefaleia cervicogênica.


Doenças dos vasos sanguíneos
Doenças dos vasos sanguíneos também podem causar dores de cabeça. As rupturas de artérias do cérebro durante um pico de pressão alta, ou de um aneurisma cerebral (dilatação em forma de saco que pode ocorrer em artérias), levam à hemorragia dentro do cérebro (que pode se localizar também no espaço externo do cérebro por onde circula o líquor, provocando a hemorragia subaracnóidea). A obstrução parcial ou total da passagem de sangue em uma determinada área do cérebro provoca o infarto cerebral. Ambas podem se associar a dor intensa em quem não costuma sofrer de dor de cabeça.
A dor da ruptura de um aneurisma cerebral, por exemplo, durante o ato sexual, pode ser fortíssima, mencionada por aqueles que a descrevem como “a pior dor de cabeça de suas vidas”. Essa dor é descrita como um trovão ou explosão, geralmente na parte posterior da cabeça ou em toda ela, e frequentemente leva a outras manifestações, como distúrbios do nível de consciência com coma, confusão mental e até morte.
Inflamações dos vasos sanguíneos localizados na cabeça ou em todo o corpo também podem ser a causa de dor de cabeça.
As arterites temporais, conhecidas como arterites de células gigantes, podem afetar as artérias do couro cabeludo e ocorrem mais em pacientes acima de 50 anos de idade. Causam dor de cabeça de localização mais temporal, com possível entumescimento da referida artéria, e podem levar à cegueira ou ao infarto cerebral se não tratadas a tempo.
Arterites do próprio cérebro podem acontecer em conjunto com aquelas observadas em doenças do tecido de sustentação básico do organismo, chamado de tecido conjuntivo. Isso ocorre nas denominadas doenças auto-imunes, como o Lupus eritematoso difuso. Aqui, suspeita-se dessa patologia quando jovens são acometidos por infartos cerebrais sem causa aparente.



Cefaléia Tensional

Diagnóstico
Ao contrário do que muitos pensam, esse tipo de dor de cabeça não tem relação direta com a tensão emocional, mas sim com a tensão ou contração exagerada, anormal e mantida de grupos musculares dos ombros, pescoço, couro cabeludo e até face. É o tipo de dor de cabeça mais comum que existe, mas por não ser tão intensa e incapacitante, faz com que seus portadores, mesmo crônicos, não procurem tanto a ajuda médica como, por exemplo, fazem os sofredores de enxaqueca.
Há estudos que sugerem que estas dores, quando em caráter crônico, são decorrentes de anomalias bioquímicas de áreas do cérebro envolvendo o sistema analgésico do próprio cérebro. Esse sistema produz endorfinas e é inervado por neurônios que utilizam a serotonina como neurotransmissor químico. A deficiência de serotonina levaria à hipofunção desse sistema analgésico e o paciente apresentaria esta dor de cabeça.
Existem basicamente dois tipos de dor de cabeça tensional: as episódicas e as crônicas.
As dores de cabeça do tipo tensional episódicas são extremamente comuns, moderadas e geralmente não incapacitam o paciente. Porém, assumem caráter problemático e incômodo quando passam a ocorrer mais de 15 dias por mês, configurando o caráter crônico.
As dores de cabeça do tipo tensional episódicas acometem 87% da população geral, segundo estudo feito na Dinamarca. Há estudos epidemiológicos que atestam a prevalência dessas dores de cabeça em 84% das mulheres e em 67% dos homens.
A dor de cabeça do tipo tensional crônica, por sua vez, é muito menos comum, acometendo 3% da população adulta.

Como reconhecer a dor de cabeça do tipo tensional?
·         A dor de cabeça do tipo tensional geralmente se caracteriza da seguinte forma:
·         Em peso ou pressão ou aperto, muitas vezes simulando uma faixa ou capacete apertado em volta da cabeça;
·         Habitualmente localizadas na fronte e/ou na nuca e topo da cabeça;
·         De intensidade leve a moderada ou moderada, não impedindo as atividades rotineiras diárias;
·         Não raro essa dor melhora com atividade física ou relaxamento;
·         Normalmente não há sintomas associados e alguns pacientes podem se queixar de intolerância, durante a dor, a ruídos mais intensos (fonofobia);
·         A dor pode durar de horas a até sete dias;
·         Freqüência pode variar muito, com pacientes apresentando dor menos de uma vez por mês, enquanto outros, mais de 15 dias em cada 30 (forma crônica).

Cefaléia do Tipo Tensional Episódica
Cefaléia do Tipo Tensional Crônica
Incidência na População
87%
3%
Frequência
Variável
Mais de 15 dias por mês por mais de 6 meses
Características
Dor em peso ou pressão – nunca pulsátil
Dor em peso ou pressão – nunca pulsátil
Localização
bilateral, frontal, nuca e topo da cabeça
bilateral, frontal, nuca e topo da cabeça
Intensidade
Leve a moderada
Leve a moderada
Sintomas Associados
Pode ocorrer fobia a ruídos.
Pode ocorrer não mais do que um dos seguintes sintomas: náuseas, fobia à luz ou ruídos.
Duração da dor
De 30 minutos a 7 dias
De 30 minutos a 7 dias


O tratamento das Cefaleias do Tipo Tensional (CTT)

O tratamento das Cefaleias do Tipo Tensional (CTT) deve ser individualizado e varia entre a forma episódica ou crônica. Ele é dividido em farmacológico preventivo e agudo, bem como não farmacológico ou sem drogas. A maioria dos pacientes com CTT episódicas infrequentes trata-se sozinha com analgésicos e antiinflamatórios vendidos sem receita médica e não procura tratamento médico, o que é desaconselhável e pode trazer consequências maléficas a médio e longo prazos. Por outro lado, os pacientes com CTT episódica frequente (mais de um dia e menos de 15 dias por mês com dor de cabeça) e cefaléia do tipo tensional crônica (mais de 15 dias por mês com dor de cabeça) são prejudicados e incapacitados pela dor, tornando-se, muitas vezes, mais difíceis de tratar devido ao caráter frequentemente contínuo da cefaleia e à presença marcante de distúrbios psicológicos envolvidos, tais como ansiedade e depressão.
O tratamento preventivo, isto é, com o uso de drogas tomadas em caráter diário e regular, não deve ser indicado para os casos de CTT episódica infrequente, mas apenas para os pacientes com as formas episódica frequente (quando os episódios de dor apresentarem uma frequência igual ou superior a duas vezes por semana, mas sem ultrapassar 15 dias por mês) e crônica. Nestes casos, a escolha inicial recai sobre os antidepressivos tricíclicos, como a amitriptilina e a nortriptilina (nos Estados Unidos, a doxepina também é muito utilizada). A amitriptilina e o seu derivado demetilado nortriptilina são as mais utilizadas. As doses devem ser iniciadas baixas (até 10mg/dia) e aumentadas de forma lenta e gradual. Se houver redução da frequência de crises superior a 80% após quatro meses, o tratamento pode ser diminuído progressivamente até sua suspensão.
Os antidepressivos tricíclicos revelam vários efeitos farmacológicos e todos se relacionam à sua capacidade de interferir e modular os mecanismos cerebrais da dor de cabeça no próprio cérebro. Há inibição da recaptação da serotonina nas fendas sinápticas, liberação de endorfinas e inibição dos receptores NMDA que atuam na transmissão dolorosa a nível central e medular. Isto resulta em melhor função dos sistemas de neurotransmissores que usam a serotonina como mediador químico, e em melhor função do sistema antidor do próprio cérebro, denominado de sistema antinociceptivo. A regulação para baixo (downregulation) de receptores do sistema serotoninérgico 5-HT2 centrais e a diminuição da densidade de β receptores (do sistema noradrenérgico) também são mecanismos propostos para a eficácia dos antidepressivos na prevenção das CTT.Logo, observa-se que o efeito benéfico destas drogas nada tem a ver com a sua ação antidepressiva, razão pela qual não se deve achar que sua prescrição se deve à ideia de que pacientes com CTT são deprimidos. Os efeitos colaterais dessas drogas são bem conhecidos e muitas vezes limitam o tratamento, que é bem tolerado se as doses são iniciadas baixas e elevadas lenta e gradualmente.
A combinação dos antidepressivos tricíclicos com os relaxantes musculares carisoprodol ou a tizanidina é conduta, baseada em experiência pessoal, que aumenta a eficácia do tratamento. O carisoprodol é um relaxante muscular de ação central com efeito ansiolítico, já que é convertido em meprobamato; e a tizanidina é um agonista α-2 adrenérgico pré-sináptico central, que diminui o tônus simpático e também exerce ação miorelaxante. A tizanidina é eficaz no tratamento da CTT crônica (CTTC) por exercer ação central, noradrenérgica, e não altera o escore de depressão bem como o nível de atividade eletromiográfica.  Embora não haja evidência de que o uso dessas drogas combinadas com os tricíclicos melhore a evolução dos pacientes, muitos as utilizam com sucesso na prática clínica.
Os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina, como a fluoxetina, embora mais bem tolerados pelos pacientes do que os tricíclicos, não exercem efeito positivo na redução dos parâmetros dolorosos (freqüência e intensidade) da CTT.
O tratamento das crises ou episódios de dor de cabeça das CTT pode ser realizado com analgésicos ou com antiinflamatórios não esteroidais (AINE). Os AINEs representam a primeira opção de droga escolhida, em função de sua maior eficácia e tempo de ação mais prolongado. No entanto, a associação do paracetamol com a cafeína aumenta a eficácia desse analgésico de ação central, já que a cafeína possui ação analgésica no próprio cérebro, além de elevar a velocidade de absorção do paracetamol e de outras substâncias no trato gastrintestinal. Esta combinação é bem tolerada e pode ser considerada a primeira opção de tratamento das crises de CTT. Antiinflamatórios como o clonixinato de lisina, o meloxican, a nimesulida (principalmente de ação prolongada), o naproxeno sódico, o ibuprofeno e os novos membros da classe denominada de inibidores específicos da COX2 (ciclo oxigenase 2) são opções eficazes e bem toleradas desde que usados com as limitações preconizadas. Deve ser enfatizado que o uso de quaisquer drogas sintomáticas em uma freqüência superior a duas vezes por semana é contra-indicado, pois eleva o risco do desenvolvimento de cefaleia de rebote e consequente transformação da CTT em cefaleia diária ou quase diária. Os pacientes precisam ser claramente orientados quanto a esse fato.
As doses médias das drogas usadas no tratamento agudo da CTT encontram-se abaixo:
Drogas e doses usadas para o tratamento agudo das CTT
Drogas
Doses
Nomes comerciais
Paracetamol + cafeína
1000 a 1500 mg + 120 a 130 mg

Tylenol DC – Excedrin
Clonixinato de lisina
250 mg
Dolamin
Meloxican
15 a 30 mg
Inicox
Naproxeno sódico
275 a 550 mg
Flanax
Ibuprofeno
400 a 800 mg
Dalsy – Motrin 
Nimesulida
100 a 200 mg
Arflex

Os tratamentos não medicamentosos também são sugeridos para as cefaleias do tipo tensional. Abordagens fisioterápicas, como acessórias ao tratamento medicamentoso, para alongar e relaxar os músculos do segmento cefálico, são úteis desde que indicadas por médico atualizado. Abordagens odontológicas têm sido comuns e o uso do NTI (Nociceptive Trigeminal Inhibition Tension Supression System) para os pacientes com bruxismo ou com elevada tensão nos músculos mastigatórios e do segmento cefálico vem sendo eficaz no tratamento acessório da prevenção farmacológica desses pacientes. O NTI é um pequeno aparelho removível colocado nos incisivos superiores, capaz de aliviar a tensão na musculatura mastigatória. Seu uso tem sido indicado até na prevenção da CTT e nas síndromes decorrentes da disfunção temporo-mandibular, indicação recentemente aprovada pelo FDA americano. No entanto, são injustificáveis as utilizações de aparelhos ortodônticos para pacientes com cefaleias crônicas primárias como a CTTC, uma vez que elas diferem daquelas causadas por disfunções oclusais e de articulações temporo-mandibulares, descritas e classificadas em outro item da classificação e com tratamento específico. A combinação de antidepressivos tricíclicos com técnicas de gerenciamento de estresse se revela superior ao uso isolado de ambas as opções de tratamento para os pacientes com CTTC, devendo sempre ser tentada quando disponível. Finalmente, é importante, também, destacarmos o papel dos exercícios físicos aeróbicos. A prática regular (mais de quatro vezes por semana) de tais exercícios aumenta a produção e liberação de endorfinas e a qualidade de vida na maior parte dos pacientes. Atividade sexual regular também é imprescindível para a obtenção de melhora.

Vale observar estes detalhes - Algumas dicas
Respiração
Respire fundo, lentamente, concentrando a respiração no abdômen. Sustente a respiração por alguns segundos e então expire vagarosamente. Repita algumas vezes.
Dicas gerais
·         Procure manter-se distante de situações estressantes. Alguns autores acreditam que exercícios regulares produzem endorfinas no cérebro, propiciando uma sensação de relaxamento e prazer.
·         Tome medicamentos somente sob orientação médica.
·         Não abuse dos analgésicos.



Cefaléia em Salvas

Descrição
A Dor de Cabeça em Salvas, ou “Cluster Headache”, é o tipo de dor de cabeça mais intensa descrita pela medicina, habitualmente caracterizada pelos pacientes como sendo em “facadas”. Os sofredores de dor de cabeça em salvas adotam medidas desesperadas durante as crises, como bater com a cabeça na parede para tentar aliviar a dor. Ela se apresenta de forma rítmica, fazendo com que alguns pacientes consigam prever o horário da próxima crise, provocando grande ansiedade antecipatória.
Não é tão comum como outras dores de cabeça primárias, como a enxaqueca e as dores de cabeça do tipo tensional. As causas dessa dor ainda são desconhecidas, mas parece haver uma disfunção em um núcleo de uma importante estrutura cerebral chamada hipotálamo.
Há estudos recentes sugerindo a relação entre a dor de cabeça em salvas e distúrbios do sono, como apnéia e ronco. Os mecanismos que deflagram as crises são desconhecidos, mas durante as crises ocorrem alterações do tipo edema (inchação) e tortuosidade na parede da artéria carótida interna em determinados trechos de seu trajeto dentro do crânio. Já se sabe que a dor de cabeça em salvas não é causada por alergias, fumo, álcool e herança genética (apesar de trabalhos recentes sugerirem ligação genética entre o cluster e pacientes com enxaqueca). É comum esses pacientes serem erradamente diagnosticados como portadores de enxaqueca, neuralgia do trigêmeo, dor facial atípica e problemas de oclusão dentária, sendo muitas vezes submetidos a terapias erradas e esdrúxulas como laser, prescrição de antiepiléticos, cirurgias, tratamentos dentários e outras.
A cefaleia em salvas compromete de 0,1 a 0,4% da população, sendo que os homens são mais acometidos que as mulheres, em uma proporção de nove para um. Essa dor normalmente inicia-se entre as idades de 20 a 40 anos.
SALVA é o período de tempo (dois a quatro meses) durante o qual ocorrem as crises de dor.

Como reconhecer a cefaléia em salvas?
Normalmente as crises da Dor de Cabeça em Salvas apresentam-se como:
·         De um só lado e sempre do mesmo lado da cabeça;
·         Em volta do olho, mas podendo também ser na fronte, têmpora e até na face;
·         Intensidade muito elevada e caráter excruciante ou lancinante;
·         Duração de 15 minutos a três horas e aparecendo em dias seguidos ou alternados;
·         Com frequência entre uma e oito vezes por dia, se manifesta em horas semelhantes e    comumente acorda os seus portadores no meio da noite, fazendo-os pular fora da cama antes de totalmente acordados, tal a sua intensidade;
·         Geralmente é associada com vermelhidão ocular, lacrimejamento e entupimento nasal (às vezes com corrimento nasal) do mesmo lado da dor;
·         A dor em geral dura de dois a quatro meses por ano, desaparecendo sozinha para retornar   após períodos variados de tempo, que podem chegar a anos, comumente nas mesmas épocas.
·         Por vezes, a dor evolui para ausência de remissões ou períodos sem dor, ou já começa sendo permanente, o que se constitui na modalidade CRÔNICA de dor de cabeça em salvas.


Abaixo podemos observar a face típica de um sofredor de dor de cabeça em salvas:


O tratamento para a dor de cabeça em salvas é dividido em:
Tratamento das crises e
Tratamento preventivo.
O ideal é que se trate preventivamente a dor para que ela não chegue a se manifestar. Se ainda assim as crises de dor acontecem, o tratamento também é feito com medicamentos, que excluem analgésicos comuns, muitas vezes prescritos incorretamente. É muito importante ressaltar que o tratamento CORRETO consegue aliviar e reduzir significativamente esta dor na grande maioria dos pacientes.
Tratamento das crises
O tratamento das crises geralmente é eficaz e deve ser cuidadosamente discutido com o seu médico em relação ao ajuste de doses, periodicidade de uso e efeitos adversos ou colaterais comuns e potenciais. O paciente deve anotar sempre em um relatório diário a freqüência, a intensidade e a duração das crises, assim como a utilização dos medicamentos que irão resgatá-lo da dor, que frequentemente é de grande intensidade e incapacitante.
Sumatriptan injetável subcutâneo e a inalação de oxigênio a 100% são os tratamentos de escolha para as crises de dor de cabeça em salvas.
O oxigênio a 100% inalado através de máscara facial, com fluxo de 7-8 litros por minuto, com o paciente sentado, inclinado para frente e apoiando os cotovelos sobre as coxas, é eficaz e bem tolerado. Com a utilização da técnica correta, 70% das crises podem ser abolidas em 10 minutos e, 90%, dentro de 20 minutos. A inalação de oxigênio deve ser iniciada no momento em que a dor começa e persistir por 20 minutos ou até que a dor desapareça. Se a dor não melhorar, deve-se parar por 5 minutos e depois reiniciar por mais 20 minutos. Não se deve respirar rápido e sim normalmente. Os pacientes que melhor respondem à inalação do oxigênio são os portadores de dor de cabeça em salvas episódica com menos de 50 anos de idade.
Sumatriptan injetável subcutâneo é a mais eficiente terapia aguda para a dor de cabeça em salvas. Para muitos pacientes seu uso é mais prático do que a inalação de oxigênio. Não apresenta efeitos colaterais sérios e seu uso a longo prazo não revela a necessidade de usar doses cada vez maiores para se obter o mesmo efeito.
O sumatritpan é bem tolerado e, quando se respeitam as suas contra-indicações referentes a doenças isquêmicas do coração, hipertensão não controlada, angina de Prinzmetal, hipersensibilidade à substância e uso concomitante de determinados antidepressivos, não ocorrem efeitos importantes sobre o sistema cardiovascular.
Tratamento preventivo
O tratamento preventivo da dor de cabeça em salvas deve sempre ser priorizado, mesmo levando-se em conta que mais de 90% dos pacientes respondem à inalação de oxigênio a 100% ou ao uso do sumatriptan injetável subcutâneo durante as crises.
Para o tratamento preventivo usam-se medicamentos em caráter diário, como, por exemplo, o Verapamil e a Metisergida,tomados em doses variadas e por um período de tempo de 2 a 4 meses (ou enquanto durar o surto), a partir do momento em que o ciclo de dor se reinicia.
Os derivados da ergotamina também podem ser usados no tratamento preventivo da dor de cabeça em salvas. Pacientes com crises apenas durante a noite podem ser tratados com ergotamina em cápsulas ou comprimidos uma hora antes de se deitarem. A razão para essa utilização é relacionada ao momento em que se inicia a fase REM (que é a fase de sonhos ou dos movimentos rápidos dos olhos – REM significa Rapid eye moviments) do sono, quando geralmente acontecem as crises de dor de cabeça em salvas.
Existem, ainda, outras drogas preconizadas para o tratamento preventivo da dor de cabeça em salvas. A escolha da substância a ser usada depende do tipo de dor de cabeça em salvas, comorbidades do paciente (ou doenças concomitantes que ele tenha) e perfil de tolerabilidade individual.


  
MITO OU VERDADE SOBRE
A DOR DE CABEÇA


Quem sofre de dor de cabeça frequentemente tem ideias errôneas a respeito do problema. Folclores tais como a antiga crença de que não se deve tomar leite com manga são comuns no imaginário popular. Assim também ocorre com sofredores crônicos de dor de cabeça: a falsa ideia de que toda dor de cabeça é enxaqueca e origens mirabolantes para justificar tanto sofrimento são também muito comuns.

Medicamentos para o tratamento preventivo da enxaqueca devem ser tomados pelo resto da vida.
EM TERMOS. A enxaqueca é uma doença crônica como a hipertensão arterial, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica e outras que devem ser tratadas durante toda a vida do paciente. No entanto, sempre tentamos retirar a medicação preventiva após oito a 12 meses de uso se o paciente está bem. Alguns voltam a ter as crises e outros não, determinando, assim, a necessidade de uso das drogas preventivas.

Os tratamentos alternativos são úteis para dor de cabeça.
EM TERMOS. Dependendo do tipo e causa da dor de cabeça, tratamentos como homeopatia, acupuntura, shiatsu, fisioterapia e outros podem melhorar um pouco o sofrimento dos pacientes. No entanto, toda e qualquer dor de cabeça intensa e recente, que acorda o paciente à noite, que é acompanhada de vômitos ou sintomas neurológicos ou que vem se agravando ao longo do tempo, deve ser avaliada por um neurologista. O uso de tratamentos alternativos, nesses casos, pode atrasar de forma importante a conduta correta. Entendemos que dores de cabeça crônicas primárias como as enxaquecas NÃO se beneficiam destes tratamentos.

Somente alguns tipos de analgésicos podem causar dor de cabeça diária em quem tem enxaqueca.
MITO. Na verdade, todos os tipos de analgésicos, antinflamatórios, tranquilizantes, derivados da morfina (opiáceos) e até os novos triptanos podem, quando usados mais de duas vezes por semana e em até três meses de uso, induzir a transformação da enxaqueca em dor de cabeça crônica diária.

Enxaqueca diária pode ocorrer após uma pancada na cabeça.
VERDADE. Uma das causas possíveis de transformação súbita da enxaqueca intermitente em dor de cabeça com apresentação diária é o traumatismo de crânio, que não necessariamente precisa ser intenso para provocar essa modificação de padrão doloroso.

Dor de cabeça forte é sinal de doença grave
MITO. Embora várias doenças graves do cérebro ou de outras partes do organismo possam causar dor de cabeça intensa, as dores de cabeça causadas por distúrbios bioquímicos do próprio cérebro, portanto primárias, podem também causar ataques intensos de dor. Como exemplo, citamos a enxaqueca e a cefaleia em salvas.

Dor de cabeça frequente pode ser devida só a estresse e excesso de trabalho
MITO. Embora fases de estresse e/ou excesso de atividades possam desencadear episódios de dor de cabeça tensional eventual, que acometem milhões de pessoas em todo mundo, não há dores de cabeça de evolução frequente, repetida, intensa que possa decorrer apenas destes fatores. É necessário primeiro que outras causas sejam excluídas para que se possa aventar que a dor seja devida ou tenha relação de causa e efeito com estes fatores.

O médico mais indicado para avaliar e tratar a minha dor de cabeça é o neurologista
VERDADE. O neurologista é o profissional de saúde mais habilitado e acostumado a lidar com as várias dores de cabeça que existem, bem como atuar de forma a eliminar as possíveis causas e consequências graves de uma dor de cabeça.

A enxaqueca não tem cura, mas pode ser controlada e desaparecer algum dia.
VERDADE. A enxaqueca, por ser uma doença bioquímica do cérebro transmitida geneticamente, não pode ser curada no sentido claro da palavra. Porém, tratamentos corretos e eficientes podem reduzir a incidência, intensidade e duração de suas crises em mais de 90%. Com o passar do tempo e por mecanismos ainda controversos, as crises de dor podem desaparecer sozinhas.

Problemas no fígado ou estômago podem dar dor de cabeça.
MITO. Fígado, vesícula biliar e estômago não causam enxaqueca. Pessoas com enxaqueca que têm outras doenças, inclusive nestes órgãos, podem piorar das crises e a ingestão de certos alimentos com gordura, fritura e mesmo sem essas substâncias, pode desencadear episódios de dor de cabeça sem nenhuma relação com a digestão. Além disso, durante a crise de dor, o estômago se dilata e fica paralisado como parte do próprio processo químico da dor. Aqui ocorre a sensação desagradável de indigestão e enjoo que faz os pacientes pensarem em causa digestiva ou alimentar.

A falta do uso de óculos pode dar dor de cabeça.
MITO. Apenas o astigmatismo, que é a diferença de raios de curvatura da córnea em meridianos ou áreas variadas, pode provocar uma dor em peso, na fronte e nos momentos em que se fazem esforços visuais. Porém, isto não pode ser o responsável por dores de cabeça que se apresentem de forma intensa, frequente, com náuseas, vômitos e de um só lado da cabeça.

Sinusite crônica pode causar dor de cabeça.
MITO.  As sinusites agudas geralmente provocam dores de cabeça intensas e desagradáveis aliadas a outros sintomas, tais como febre, entupimento nasal ou coriza e dor mais intensa quando se abaixa a cabeça. Porém, a presença de quadros sinusais inflamatórios crônicos, chamados de sinusites crônicas, não podem ser os responsáveis por dores de cabeça que se apresentem com frequência e repetição.

Alimentação rica em frutas é a melhor dieta para quem sofre de enxaqueca.
MITO. Algumas frutas também têm sido responsabilizadas pelo início de crises de enxaqueca. Os cítricos, devido à presença de outra amina com ação nos vasos sanguíneos e denominada de l’octopamina, foram apontados por vários pacientes em alguns estudos realizados com a ingestão de laranja, limão e até abacaxi.

Pessoas com enxaqueca devem evitar o chocolate
VERDADE. O chocolate contém cafeína e uma substância do tipo amina, com ação sobre o calibre dos vasos sanguíneos, chamada feniletilamina. Essas substâncias podem deflagrar episódios de enxaqueca em determinados pacientes.

Vinho tinto pode causar dor de cabeça
EM TERMOS. Algumas pessoas sentem dor de cabeça com alguns tipos de vinho tinto. A verdade que existe nesta bebida não é apenas relacionada à presença de uma amina com ação sobre os vasos sanguíneos, denominada tiramina, mas também pela presença em grande quantidade dos radicais fenólico flavonóides. Essas substâncias, originárias da casca da uva e atuando como defensivos naturais desta fruta, são incorporadas ao vinho tinto, mas não ao branco, e representam verdadeiros inimigos dos pacientes com enxaqueca em função de sua possibilidade real de deflagrar crises intensas.