DIA DA VITÓRIA
8 de Maio
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Comemoramos no dia 8 de Maio, a Escola Superior de
Guerra reverenciou a memória dos que, nos campos de luta, defenderam a
soberania nacional com o sacrifício da própria vida; na ocasião, o Juiz Ney
Edilson Prado, estagiário da ESG, proferiu o seguinte discurso, alusivo ao
evento:
Naquele Glorioso
dia, as forças Aliadas punham fim nos campos da Europa à ameaça nazi-fascista
que, convulsionando o mundo, levou a milhões de famílias o desespero, o
terror, a morte e o luto.
Vinte e nove
anos nos separam daquela apoteótico evento, e os 30 milhões de pessoas mortas
naquela que foi a guerra travada para acabar com todas as guerras estão hoje,
pra muitos, quase esquecidos.
É oportuno e
desejável, portanto, que em todos os lugares e oportunidades que se ofereçam,
sejam sempre revividos certos fatos relacionados com aquele conflito, que
arrastou nações fortes e fracas, grandes e pequenas, ricas e pobres.
A desgraça teve
seu início a 1º de setembro de 1939 com a invasão da Polônia. Em abril de
1940, seria a vez do tacão nazista subjugar a Dinamarca e, a seguir a
Noruega. Abroquelada na sua linha Maginot, teoricamente intransponível mas
ineficaz na prática para conter o ímpeto e o poderio do Exército Alemão, em
breve veria a França soar a sua hora trágica.
Os primeiros
anos de guerra pareciam confirmar a terrível idéia que os países do eixo
totalitário levariam de vencida as nações democráticas. É que, em dado
instante, achava-se a Inglaterra sozinha na defesa do mundo livre.
Nesse histórico
clima de universal apreensão, Winston Churchill, o lutador de outras guerras,
surgia como líder de primeira grandeza. Sob a sua insuperável liderança,
soube o grande povo inglês dar também toda a medida do seu valor. Líder e
liderados permutavam coragem, resignação e esperança.
Sequiosos, os
alemães prosseguiam.
A 7 de abril de
1941, invadiam a Iugoslávia. A 22 de junho, atacavam a Rússia.
Em dezembro do
mesmo ano, agredidos pelo Japão, os Estados Unidos aderem à causa aliada,
estendendo-se a hecatombe por sobre o Pacífico.
Atacado pelos
alemães, e em defesa não somente da honra, da soberania e dignidade
nacionais, mas também em nome da liberdade, confiança e respeito entre as
nações lançou-se o Brasil, por igual, na grande conflagração.
A participação
brasileira no evento foi expressiva, tanto no campo político, como no
econômico e, particularmente no militar.
No primeiro,
contribuindo decisivamente para o fortalecimento da posição aliada, tanto no
plano continental como no mundial. No econômico, fornecendo ao Bloco Aliado
materiais estratégicos indispensáveis ao esforço de guerra. E no campo
militar, enviado para frente de guerra a sua Força Expedicionária, que
gloriosamente cumpriu, apesar de condições e circunstâncias adversas, a
missão que lhe foi atribuída.
" Num
terreno montanhoso, a cujo píncaros o homem chega com dificuldade; num
inverno rigoroso, que a totalidade da tropa veio enfrentar pela primeira vez;
e contra um inimigo audacioso, combativo e muito bem instruído, podemos dizer
assim mesmo, e por isso mesmo, que os nossos bravos soldados não desmereceram
a confiança que neles depositavam os seus chefes e a própria Nação
Brasileira."
Diga-se o mesmo,
no concernente à Marinha Brasileira, a qual confiou a Nação a ingente tarefa
da defesa de sua vasta costa marítima, contra a violenta destruição
desenvolvida pelo inimigo. E de tal maneira se conduziram os nossos oficiais
e marinheiros, que ao terminar o primeiro ano da nossa beligerância, o
Almirante Ernest Hing, Comandante-em-Chefe da Esquadra Norte-Americana,
titubeava em salientar a cooperação da Frota Brasileira, responsável pela
escolta dos comboios em grande trecho do Atlântico, qualificando-a como
modelo de eficiência , regularidade e boa execução.
A nossa heróica
Força Aérea teve também participação de destaque nos céus da Europa, bem
assim no patrulhamento de nosso litoral.
Os objetivos
atribuídos ao Grupo de Caça Brasileiro, consistentes no apoio as forças
terrestres, no isolamento do campo de batalha, pela interrupção sistemática
das vias de comunicações ferroviárias e rodoviárias e na distribuição da
industria e instalações militar do Norte da Itália foram atingidos
satisfatoriamente.
Merece destaque
também o desempenho eficiente das Forças que aqui permaneceram em apoio e
incentivo aos gloriosos expedicionários, na luta contra o nazismo
internacional.
Por último não
poderia ser esquecido o papel da mulher brasileira, representada pelo
valoroso contingente de enfermeiras. Sua missão humanitária e denodada nos
hospitais e enfermarias, em muito contribuiu para o êxito da causa.
Graças ao
esforço comum, foi possível aos países a liados, grandes ou pequenos, forçar
a arrogante Alemanha a render-se incondicionalmente no dia 8 de maio de 1945.
Esse o feito
supremo. Essa a grande data que nos cumpre comemorar.
Hoje passados 30
anos devemos exaltar mais a paz do que a vitória. É que logo após a
capitulação alemã, uma sombra representada por novo atentado contra a
liberdade, partindo agora de um pais aliado, invadiu a cena iluminada pela
vitória. Esse fato foi desde logo denunciado por Winston Churchill, em seu célebre
discurso de Fulton, a 5 de março de 1946, quando disse:
" Ninguém
sabe o que projeta fazer a Rússia Soviética e sua organização comunista
internacional no futuro inédito, quais os limites, se é que estes existem, de
suas tendências expansionistas e proselitistas."
Não acredito,
enfatizou:
" que a
Rússia Soviética deseje a guerra. O que eles desejam são os frutos da guerra
e a expansão indefinida do seu poder e das suas doutrinas."
E Churchill
estava com a razão.
Perfeitamente
consciente das enormes vantagens que poderia tirar do desfecho da guerra, e
antes mesmo que as cinzas esfriassem, a sombra da ambição soviética
estendeu-se pela Europa.
E hoje, após a
hecatombe, o que lamentavelmente se constata é que o pesadelo nazi-fascista
foi apenas substituído por outro, representado pelo comunismo internacional.
Isso porque o conflito ideológico que a Segunda Guerra tentou resolver, na
verdade, ressurgiu em nova feição. Uma vez mais a democracia se vê ameaçada
por uma outra forma de totalitarismo.
Os valores que
estão moveram a Nação Brasileira, e que hoje de novo nos inspiram, são
fundamentalmente a democracia e a liberdade, que estruturam e cimentam a
união do Mundo Livre.
Esses os
princípios que o totalitarismo nazi-fascista ameaçou destruir, pondo em risco
a liberdade dos povos e a independência da Nação.
E são esses os
mesmos princípios, cuja supressão constitui o objetivo essencial, a que o
totalitarismo comunista do extremo oposto pretende atrelar a humanidade.
" Ambas as ideologias se tocam em seus extremos, e se confundem no seu
horror à liberdade, na sua guerra pela escravização dos povos, na cobiça
ilimitada de suas conquistas e no seu bárbaro culto à crueldade."
Se ontem
combatíamos nos campos de batalhas a expansão nazi-fascista, agiríamos com
incoerências hoje ficássemos inertes diante do expansionismo vermelho.
Há que não
esquecer a lição haurida.
Fiéis a nós
mesmos, como sempre, empenhemo-nos decisivamente em manter permanentemente
viva a chama democrática. Alertados e mais bem preparados, hoje mais do que
no passado, estamos em condições de garantir a nossa soberania contra
qualquer agressão totalitária.
No mundo de
incertezas em que vivemos, é imperioso que nos unamos todos com lealdade,
decisão e patriotismo, para fazer do Brasil a pátria grandiosa que tanto
almejamos.
Haveremos assim
de ser dignos dos que morreram para que pudéssemos ser livres.
Aos heróis vivos
daquele tempo, o nosso preito de admiração e respeito. Aos que não retornaram
aos braços de seus entes queridos, nesta data de júbilo e tristeza, a perene
gratidão dos brasileiros.
FONTE:
Revista do Clube Militar - Agosto/1974 |
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