10 perguntas e respostas com dúvidas
sobre bullying.
1. O que é
bullying?
Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de
maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O
termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que
significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido
como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato. Além de um
possível isolamento ou queda do rendimento escolar, crianças e adolescentes que
passam por humilhações racistas, difamatórias ou separatistas
podem apresentar doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma
que influencie traços da personalidade. Em alguns casos extremos, o bullying
chega a afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por
soluções trágicas, como o suicídio.
2. O que não é bullying?
Discussões ou brigas pontuais
não são bullying. Conflitos entre professor e aluno ou aluno e gestor também não
são considerados bullying. Para que seja bullying, é necessário que a agressão
ocorra entre pares (colegas de classe ou de trabalho, por
exemplo). Todo bullying é uma agressão, mas nem toda a agressão é
classificada como bullying. Para Telma Vinha, doutora em Psicologia
Educacional e professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), para ser dada como bullying, a agressão física ou
moral deve apresentar quatro características: a intenção do autor em ferir o alvo, a repetição da
agressão, a presença de um público espectador e a concordância do alvo com
relação à ofensa. ”Quando o alvo supera o motivo da agressão, ele reage ou ignora,
desmotivando a ação do autor”, explica a especialista.
3. O bullying é um fenômeno recente?
Não. O bullying sempre
existiu. No entanto, o primeiro a relacionar a palavra a um fenômeno foi
Dan Olweus, professor da Universidade da Noruega, no fim da década de 1970. Ao
estudar as tendências suicidas entre adolescentes, o pesquisador descobriu que
a maioria desses jovens tinha sofrido algum tipo de ameaça e que, portanto, o
bullying era um mal a combater.
A popularidade do fenômeno cresceu com a influência dos meios eletrônicos, como a internet e as reportagens na televisão, pois os apelidos pejorativos e as brincadeiras ofensivas foram tomando proporções maiores.
A popularidade do fenômeno cresceu com a influência dos meios eletrônicos, como a internet e as reportagens na televisão, pois os apelidos pejorativos e as brincadeiras ofensivas foram tomando proporções maiores.
4. O que leva o autor do bullying a
praticá-lo?
Querer ser mais popular,
sentir-se poderoso e obter uma boa imagem de si mesmo.
Isso tudo leva o autor do bullying a atingir o colega com repetidas humilhações
ou depreciações. É uma pessoa que não aprendeu a transformar sua raiva em
diálogo e para quem o sofrimento do outro não é motivo para ele deixar de agir.
Pelo contrário, sente-se satisfeito com a opressão do agredido, supondo ou
antecipando quão dolorosa será aquela crueldade vivida pela vítima.
”O autor não é assim apenas na escola. Normalmente ele tem uma relação familiar na qual tudo se resolve pela violência verbal ou física e ele reproduz isso no ambiente escolar”, explica o médico pediatra Lauro Monteiro Filho, fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia). Sozinha, a escola não consegue resolver o problema, mas é normalmente nesse ambiente que se demonstram os primeiros sinais de um praticante de bullying. “A tendência é que ele seja assim por toda a vida, a menos que seja tratado”, diz.
”O autor não é assim apenas na escola. Normalmente ele tem uma relação familiar na qual tudo se resolve pela violência verbal ou física e ele reproduz isso no ambiente escolar”, explica o médico pediatra Lauro Monteiro Filho, fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia). Sozinha, a escola não consegue resolver o problema, mas é normalmente nesse ambiente que se demonstram os primeiros sinais de um praticante de bullying. “A tendência é que ele seja assim por toda a vida, a menos que seja tratado”, diz.
5. O espectador também participa do
bullying?
Sim. O espectador é um
personagem fundamental no bullying. É comum pensar que há
apenas dois envolvidos no conflito: o autor e o alvo. Mas os especialistas
alertam para um terceiro personagem responsável pela continuidade do conflito.O
espectador típico é uma testemunha dos fatos, pois não sai em defesa da vítima
nem se junta aos autores. Quando recebe uma mensagem, não repassa. Essa atitude
passiva pode ocorrer por medo de também ser alvo de ataques ou por falta de
iniciativa para tomar partido.
Os que atuam como plateia ativa ou como torcida, reforçando a agressão, rindo ou dizendo palavras de incentivo também são considerados espectadores. Eles retransmitem imagens ou fofocas. Geralmente, estão acostumados com a prática, encarando-a como natural dentro do ambiente escolar. ”O espectador se fecha aos relacionamentos, se exclui porque ele acha que pode sofrer também no futuro.
Os que atuam como plateia ativa ou como torcida, reforçando a agressão, rindo ou dizendo palavras de incentivo também são considerados espectadores. Eles retransmitem imagens ou fofocas. Geralmente, estão acostumados com a prática, encarando-a como natural dentro do ambiente escolar. ”O espectador se fecha aos relacionamentos, se exclui porque ele acha que pode sofrer também no futuro.
6. Como identificar o alvo do bullying?
O alvo costuma ser uma
criança com baixa autoestima e retraída tanto na escola quanto no lar.
”Por essas características, é difícil esse jovem conseguir reagir”, afirma o
pediatra Lauro Monteiro Filho. Aí é que entra a questão da repetição no
bullying, pois se o aluno procura ajuda, a tendência é que a provocação
cesse. Além dos traços psicológicos, os alvos desse tipo de violência
costumam apresentar particularidades físicas. As agressões podem ainda abordar
aspectos culturais, étnicos e religiosos.
7. Quais são as consequências para o aluno
que é alvo de bullying?
O aluno que sofre bullying,
principalmente quando não pede ajuda, enfrenta medo e vergonha de ir à escola.
Pode querer abandonar os estudos, não se achar bom para integrar o grupo e
apresentar baixo rendimento. Uma
pesquisa da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e
Adolescência (Abrapia) revela que 41,6% das vítimas nunca procuraram ajuda ou
falaram sobre o problema, nem mesmo com os colegas.
As vítimas chegam a concordar com a agressão, de acordo com Luciene Tognetta, doutora em Psicologia Escolar e pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinhas (Unicamp). O discurso deles segue no seguinte sentido: “Se sou gorda, por que vou dizer o contrário?”Aqueles que conseguem reagir podem alternar momentos de ansiedade e agressividade. Para mostrar que não são covardes ou quando percebem que seus agressores ficaram impunes, os alvos podem escolher outras pessoas mais indefesas e passam a provocá-las, tornando-se alvo e agressor ao mesmo tempo.
As vítimas chegam a concordar com a agressão, de acordo com Luciene Tognetta, doutora em Psicologia Escolar e pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinhas (Unicamp). O discurso deles segue no seguinte sentido: “Se sou gorda, por que vou dizer o contrário?”Aqueles que conseguem reagir podem alternar momentos de ansiedade e agressividade. Para mostrar que não são covardes ou quando percebem que seus agressores ficaram impunes, os alvos podem escolher outras pessoas mais indefesas e passam a provocá-las, tornando-se alvo e agressor ao mesmo tempo.
8. O que fazer em sala de aula quando se
identifica um caso de bullying?
Ao surgir uma situação em
sala, a intervenção deve ser imediata. “Se
algo ocorre e o professor se omite ou até mesmo dá uma risadinha por causa de uma
piada ou de um comentário, vai pelo caminho errado. Ele deve ser o primeiro a
mostrar respeito e dar o exemplo”, diz Aramis Lopes Neto, presidente do
Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade
Brasileira de Pediatria. O professor pode identificar os atores do bullying:
autores, espectadores e alvos. Claro que existem as brincadeiras entre colegas
no ambiente escolar. Mas é necessário distinguir o limiar entre uma piada
aceitável e uma agressão. “Isso não é tão difícil como parece. Basta que o
professor se coloque no lugar da vítima. O apelido é engraçado? Mas como eu me
sentiria se fosse chamado assim?”, orienta o pediatra Lauro Monteiro Filho.
9. O que é bullying virtual ou
cyberbullying?
É o bullying que ocorre em
meios eletrônicos, com mensagens difamatórias ou ameaçadoras circulando
por e-mails, sites, blogs (os diários virtuais), redes sociais e celulares. É
quase uma extensão do que dizem e fazem na escola, mas com o agravante de que
as pessoas envolvidas não estão cara a cara. Dessa forma, o anonimato pode
aumentar a crueldade dos comentários e das ameaças e os efeitos podem ser tão
graves ou piores. “O autor, assim como o alvo, tem dificuldade de sair de seu
papel e retomar valores esquecidos ou formar novos”, explica Luciene Tognetta,
doutora em Psicologia Escolar e pesquisadora da Faculdade de Educação da
Universidade Estadual de Campinhas (Unicamp). Esse tormento que a
agressão pela internet faz com que a criança ou o adolescente humilhado não se
sinta mais seguro em lugar algum, em momento algum. Marcelo Coutinho,
especialista no tema e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que
esses estudantes não percebem as armadilhas dos relacionamentos digitais. “Para
eles, é tudo real, como se fosse do jeito tradicional, tanto para fazer amigos
como para comprar, aprender ou combinar um passeio.”
10. Como lidar com o cyberbullying?
Mesmo virtual, o cyberbulling
precisa receber o mesmo cuidado preventivo do bullying e a dimensão dos seus
efeitos deve sempre ser abordada para se evitar a agressão na internet. Trabalhar com a ideia de que nem sempre se consegue tirar do ar
aquilo que foi para a rede dá à turma a noção de como as piadas ou as
provocações não são inofensivas. ”O que chamam de brincadeira pode destruir a
vida do outro. É também responsabilidade da escola abrir espaço para se
discutir o fenômeno”, afirma Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e
professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). Caso o bullying ocorra, é preciso deixar evidente para crianças e
adolescentes que eles podem confiar nos adultos que os cercam para contar sobre
os casos sem medo de represálias, como a proibição de redes sociais ou celulares,
uma vez que terão a certeza de que vão encontrar ajuda. ”Mas, muitas vezes, as
crianças não recorrem aos adultos porque acham que o problema só vai piorar com
a intervenção punitiva”, explica a especialista.
Fonte: Revista Escola
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